We’ve updated our Terms of Use to reflect our new entity name and address. You can review the changes here.
We’ve updated our Terms of Use. You can review the changes here.
/

lyrics

Severino nasceu na Guiné-Bissau
Mas na Guerra Colonial decidiu morrer por Portugal
Apaixonado por Fado e bacalhau
Desde pequeno que sonhava em conhecer a capital

Vestir como os brancos que ele via no jornal
De sapatos engraxados no Marquês de Pombal
Ser tratado por senhor como o patrão era
Ter um pedaço de terra que desse frutos pela primavera

Alistou-se no exército de Salazar
Na esperança de vir a ser um herói do Ultramar
Foi para jamba para morrer e matar
Mas prometeu não partir sem ver o Eusébio jogar

Quando a guerra acabou, o sangue dos irmãos
Que lhe escorria pelas mãos não deixou outra opção
Arrumar as bicuatas, apanhar o avião
E finalmente conhecer a terra do patrão

Na capital não era visto como igual
Chamavam-lhe macaco sem rabo, lixo colonial
Volta para a tua terra, os pretos cheiram mal
Escumalha africana, fora de Portugal

Mas o seu maior orgulho era o 3.º Pelotão
E um Cartão de Cidadão que foi dado por obrigação
Porque os pretos não cantam o hino, pretos não são nação
Pretos morrem "no guerra", mas não vão para o Panteão

E é com as mãos calejadas das obras
Boca enjoada das sobras
Que contava as façanhas da tropa
Patriota e orgulhoso de ter lutado pela nação

Que o acolheu como um cão, que o tratou como um cão
Que o viu morrer miserável sem água nem pão
Mas o avô nunca reclamou de nada
Morreu agarrado à bandeira e a um disco da Amália
Enquanto me dizia...

credits

from Porcelana, released November 22, 2019

license

tags

about

Kimahera Silves, Portugal

Dependentes da música, independentes a fazer música.

contact / help

Contact Kimahera

Streaming and
Download help

Shipping and returns

Redeem code

Report this track or account