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1. |
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Como é possível tentar convencer alguém que nasceu para ser rei quando em todas as versões da história morre como escravo?
Ninguém nasce com nenhuma predisposição genética para ser empregado de shopping ou pedreiro de segunda.
Anda, eu vou mostrar-te que essas chapas de zinco onde as gotas de chuva cantam que nem mãe de santo, na verdade guardam um dos maiores tesouros da humanidade! Nós...
Não está fácil, mas não vamos desistir nem voltar a ser os primeiros a morrer nesse filmezinho barato. Está nas tuas mãos! Quem falou que esse lugar no autocarro não é para ti?
Faz as coisas com brio e elevação, vai lá e traz a nossa dignidade de volta.
Inspira... expira... transpira... repete.
Toquei nas estrelas, vês? Daqui chef Avillez
Bater pirão só com pauzinhos do chinês
Eu sou gourmet e vocês são fast food
Deus me dê saúde para manter esta atitude (Stay Rude!)
Foca-te no homem, já é tempo de acordares
Eu vim dizer coisas bonitas tipo Sara Tavares
Fazer guerra com as palavras até tu te curvares
Contar a história destas gentes, versos são milenares
Das sanzalas às barracas, cidades foram tomadas
Meu povo dança para vingar para as chibatadas
Isto é arte pela arte, cultura pela cultura
Nem pretos nem brancos, nós somos pela mistura
Nunca me pises se estou com Jordan nos pés
Eu sou clássico tipo 3310, tu analisa o palmarés
Que vem de há bués e em caso em de dúvida
Vim para mudar o mundo com a força da minha música
Eu vim mudar o mundo porque lá no fundo só eu sei
Que cada carapinha é uma coroa de rei
A gente dança, a gente canta, essa é a nossa lei
Se houver saúde meu people estamos ok
Deixa que eu me manifeste
Desde que haja saúde eu trato do resto
E mesmo que nos calem a caravana não abranda
Até fazer o mesmo que o Luaty fez na banda
Wakanda agora é meu mantra, o espírito é Marielle
Porque a raça de um homem não se vê na cor da pele
Pintem o arco-íris de preto quero ver o céu de luto
Mesmo que o povo não vença eu morro por aquilo que eu luto
Eu treino cardio a fazer novos flows
Essa porra é Crossfit só me dou com Gijoes
Brows! Missão é dura, mas nunca me rendi
Postura nunca foi whatever, nunca sucumbi
Eu sempre estive aqui nas asas do colibri
Eu ouvi Mahatma Gandhi a gritar por mim
Vai! Ninguém te para se a razão é tua
Se o sistema falhar, tu faz justiça na rua
Ninguém recua nem baixamos a defesa
Sejam bem-vindos à revolução da música portuguesa
Eu vim mudar o mundo porque lá no fundo só eu sei
Que cada carapinha é uma coroa de rei
A gente dança, a gente canta, essa é a nossa lei
Se houver saúde meu people estamos ok
Deixa que eu me manifeste
Desde que haja saúde eu trato do resto
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2. |
OTN
03:24
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Meu nome é mitologia suburbana
100 mil gotas de ópio para atingires o teu nirvana
Criatura sobre-humana, criatividade insana
Estratega tipo Osama com bigode à Chalana
Perigo! Ruas em chamas, não há piedade nem dramas
Propaga a praga enquanto juras que morres pelo que amas
Chumbo grosso, eu vejo a tuga em alvoroço
Exército de heróis sem rosto, cada linha é pura filigrana
Tu sente a gana e flow, bandana à Chuck Norris
Esses niggas falam bué brow, mas é só Insta Stories
Não há memória, trajetória inglória
A sul do Sado só um nome ainda perdura na história
Tu sente a fibra, meu português é digra
Tu decora a sigla: Outro Tipo de Nigga
Outro tipo de nigga
Decora e grita a sigla, aqui ninguém duvida
Porque eu sou: Outro Tipo de Nigga
Eles dizem "é lenda viva", ninguém para a missiva
Porque eu sou: Outro Tipo de Nigga
Demasiado a sul, holofotes aqui não brilham
Verdade inconveniente que os niggas nunca partilham
Tracei o meu o plano atrás das cortinas de fumo
Para quando eu subir no ramo não ser sorte, ser rumo
Tu não confundas patentes quando eu cerro os dentes
O veneno dessas serpentes parece sumo
Ou mato ou morro, mas não fujo nem corro
Jallab no meu sangue, niggas vão pensar que sou mouro
O algarvio mais pesado, estás a ver o meu legado?
Se eu cuspir no chão, solo sagrado
8 1 2 5, o sotaque é de gringo
Mas o que corre nas minhas veias é mar salgado
Cara tapada, sente o poder da rajada
Cuspo balas até que sanzalas sejam iluminadas
Até que não sobre nada, destruição absoluta
Eu sou Outro Tipo de Nigga, tu outro tipo de filha da...
Decora e grita a sigla, aqui ninguém duvida
Porque eu sou: Outro Tipo de Nigga
Eles dizem "é lenda viva", ninguém para a missiva
Porque eu sou: Outro Tipo de Nigga
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3. |
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Vês-me a cortar beats com a precisão de um samurai
Eu nunca fui romântico, flores só para a campa do meu pai
Exorcizei demónios em 91
Jeans Monroe, assististe à ascensão de um ser comum
Agora legacy, fim da terapia sonora do homem que nunca chora
Nem quando te foste embora, não sei, eu acho que finalmente te enterrei
Mãe desculpa se nunca te disse o quanto te amei
Bem! Caí, levantei-me, fiz-me homem
Enquanto os outros dormiam eu cantei à luz da lua tipo um lobisomem
Nunca parei de sonhar porque daqui de baixo o céu até parecia um bom lugar
Ícaro, as asas de cera não vão aguentar
E eu sempre quis saber o que faz o mundo rodar
Medo guita ou fome, ambição não dorme, deixem-me voar
Medo guita ou fome, pôr o meu nome no radar
Ninguém me para enquanto eu tiver ar
Colosso de carne e osso nunca hás-de ver chorar
Fuck o ser nervoso, sobrevivo no meu habitat
O medo de morrer novo só me fez jurar
Quero tocar no céu, por favor deixem-me voar
Por favor deixem-me voar
Ícaro, as asas de cera não vão aguentar
Eu só ouvia gritar
As asas de cera não vão aguentar
Eu só ouvia gritar
Tu mete os pés na terra ou só te vais magoar
Eu só ouvia gritar
As asas de cera não vão aguentar
Vi-me a cair do céu e a bater no fundo
Braços demasiado curtos para abraçar o mundo
Quem tudo quer tudo perde
Mas se não for pela ambição como é que um homem se mede?
Ícaro, as asas de cera não vão aguentar
Mas se eu não sonhar qual é o objetivo?
De manter um corpo sem nada para lutar
Sem nada para agarrar
Fuck! Transformei o medo agudo em coragem
Farto de pensar que a felicidade é miragem
Que eu não mereço e que o meu preço, viver à margem
É o endereço que eu conheço desde o berço e eu quero outra imagem
Quero outra vida, dançar com as estrelas mais lindas
O universo é minha pista, eu sou criança ainda
Eu nunca acreditei quando ouvi gritar
As asas de cera não vão aguentar
Ícaro, as asas de cera não vão aguentar
Eu só ouvia gritar
As asas de cera não vão aguentar
Eu só ouvia gritar
Tu mete os pés na terra ou só te vais magoar
Eu só ouvia gritar
As asas de cera não vão aguentar
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4. |
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Depois de 96 tanta merda aconteceu
Para piorar as coisas o Dilla também morreu
Negros andam confusos, dissonância cognitiva
Desde a morte do Madiba que a raça anda meio à deriva
Negros morrem em esquadras, bairros em pânico
Mas manos só falam de carros tipo são mecânicos
Mas trazem tatuagens tuas, querem ser como tu
E mesmo sem alcance orgânico só falam de Kumbú
Todos têm cachets, mas ninguém tem valores
E até os negros do Quilombo servem chá na casa dos senhores
Eu estou com dores nos adutores, mas a corrida é longa
Para deixar uns quantos recados tipo cota Bonga
Há quem diga é uma questão de perspetiva
Mas negros estão demasiado claros para que a luva do O. J. lhes sirva
Enquanto dizem os niggas não saem dos guetos
Seres preguiçosos não gostam de acordar cedo
Ninguém é racista, todos têm um amigo preto
É por isso que apertam a mão a um branco como o pescoço a um negro
Nos bairros manas criam os filhos que os manos não sustentam
Eles na zona VIP da disco, só ostentam
Mas continuam pobres, famílias sempre pobres
Passam fome para comprar roupa, parecem ainda mais pobres
Por isso não sigo tendências, fuck essa fama
Manos estrelas em clips, em casa mantém-se o drama
Cinco na mesma cama, meio bairro de cana
E eles a falar de sexo, drogas e grana
Já nada inspira e eu estou farto dessa mentira
E uma voz que me sussurra ao ouvido: "Perigo atira!"
Pac, és tu? Diz que não estou a ficar louco
Ou ressuscita como Cristo e vem salvar o teu povo
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5. |
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Já não me vês na noite a cansar o griff
Eu estou focado em transformar o bairro em zona VIP
Umas chavalas freaks, uns niggas waya waya
Um ambiente selvagem, mas ninguém dá raia
Eles querem que eu me distraia, mas o plano é simples:
Aumentar os lucros, duplicar ouvintes
São vários arrastos, o currículo é vasto
Porque eu faço-me ao piso mesmo com os pisos gastos
Queres falar de maços? Tabaco aqui não conta
Que eu nunca girei com quem só fuma pontas
E no final das contas só conta o que fiz
E eu nunca precisei de muito B, para ser feliz
Sorriso da minha filha, ver a família bem
Não perguntar quanto custa, só quantos tem
Meu bem a dizer "amém" dentro de um bote novo
Dizer à cota "se houver contas deixa que eu resolvo"
Se for para agitar ouve o povo a gritar ai nha mãe, nha mãe, nha mãe
Até eu bazar vais-me ouvir a gritar ai nha mãe, nha mãe, nha mãe
Se for para agitar ouve o povo a gritar ai nha mãe, nha mãe, nha mãe
Até eu bazar vais-me ouvir a gritar ai nha mãe, nha mãe, nha mãe
Aumenta o volume, vê os índios na janela é só sinais de fumo
Família aumenta o consumo, vinho com sumo
Dombôlo até perder o prumo
Mesmo sem nada eu brindo, eu já nasci assim
Persistência é essência, eu vou fazer por mim
Eles dizem "a carne é fraca", só digo que é ruim
Amor e uma cabana, eu já vivi assim
Eu nunca quis ser rico, eu só pedi a Deus
Cuida da minha família e protege os meus
A gente dança para esquecer e os copos no céu
É só para agradecer aquilo que Ele deu
Eu nunca fui ingrato, nunca cuspi no prato
Tudo o que eu tenho nada me foi dado
Eu digo obrigado meu nigga "tamo junto"
E hoje sou um vagabundo no topo do mundo
Se for para agitar ouve o povo a gritar ai nha mãe, nha mãe, nha mãe
Até eu bazar vais-me ouvir a gritar ai nha mãe, nha mãe, nha mãe
Se for para agitar ouve o povo a gritar ai nha mãe, nha mãe, nha mãe
Até eu bazar vais-me ouvir a gritar ai nha mãe, nha mãe, nha mãe
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6. |
GOATS
03:54
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Essa porra é trabalho, nunca foi sorte
Eu corri da morte até ficar sem fôlego
Com foco no topo eu vim fechar o jogo
My nigga eu estou louco, eu não papo esses dreads
Se alguém estica a corda eu apago esses dreads
Sei que vou pagar pelos meus pecados
Mas nunca vou pagar por reacts
Oh Lord! Oh Lord! My God, my God!
Demónio no meu ouvido a gritar "ninguém manda no teu block"
Fuck niggas, fuck haters, fuck inveja, fuck haters
Minha team só ovelhas negras, bitch call me Darth Vader
A cota só diz "tu não bates fixe", estou de volta Heimlich
Mil manobras para matar as cobras, mostrar o pau neguinho sinistro
Tanta a gente a querer o mesmo, tempo passa mais do mesmo
Todos a tentar ser qualquer coisa, eu tentado em ser eu mesmo
Anti-plágio só ideias próprias, chinelos com meias só vejo cópias
Capicuas, cornucópias, motherfuckers, só cenas óbvias
No more haters, no! No fake friends, no!
Vosso ódio só bate na rocha tipo Tong Po
Diz a verdade
Tu diz a verdade
Diz a verdade
Tu diz a verdade
A dama só diz "luta pelo que amas", Rap, família, o Marquês em chamas
Montar a banca tipo as duas manas, honra os que foram e os que estão de cana
Asa Branca bitch, no more drama se a família chora I’m sorry mama
Teu filho nasceu para ser uma estrela, eu não vou morrer com os meus pés na lama
Do bairro para o mundo, eu não sei onde vou
Já bati no fundo, voltei a ser dope
Por isso assunto nunca me assustou
Se eu ficar sem nada isso é no, no, no!
Niggas falam, mas ninguém vos ouve
Porque na verdade all you need is love
Querem sangue novo, eu quero haters novos
Porque são os mesmos desde noventa e nove
E os que dei a mão estão-me a puxar rasteira, a ver se um gajo cai dessa cadeira
Já não há confiança e até na bebedeira, os shots aqui são de caçadeira
Pai guarda a fam, do resto trato eu, vou fazer aquilo que a gente prometeu
Se a noite hoje está escura a culpa é di meu porque até eu morrer não há estrelas no céu
Diz a verdade
Tu diz a verdade
Diz a verdade
Tu diz a verdade
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7. |
Do Fim do Mundo Com Amor
04:47
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Eu disse: beija-me como se eu fosse o último homem na Terra
'Bora fazer amor enquanto eles fazem guerra
Eu disse: beija-me como se eu fosse o último homem na Terra
'Bora fazer amor enquanto eles fazem guerra
Ver o pôr-do-sol enquanto o mundo acaba de mão dada
Se não sobrar nada eu tenho-te a ti
Ver o pôr-do-sol enquanto o mundo acaba e dizer-te ao ouvido o quanto eu gosto de ti
Lá fora eles matam-se uns aos outros por tão pouco
Money é o afeto dos loucos, poluição global afeta o clima
E nós só preocupados com quem começa por cima
Terrorismo de informação afeta todos
Nós cada vez mais gordos, sexo e chocolate
Minha luta é só tocar-te, eu estou apaixonado
Farto de notícias deprimentes, humanidade está doente
Já ninguém ama para sempre, já ninguém se declara
E eu tipo The Weeknd de tanto amar já nem sinto a própria cara
Dizer "amo-te" é coisa rara nos tempos que correm, como é que homens
Fazem guerras para matar mais homens e eu só preocupado
Se o teu soutien se desaperta de trás ou dos lados
'Bora fazer como se todos dias fosse Dia dos Namorados
'Tá combinado, todos dias tipo Dia dos Namorados
Eu disse: beija-me como se eu fosse o último homem na Terra
'Bora fazer amor enquanto eles fazem guerra
Eu disse: beija-me como se eu fosse o último homem na Terra
'Bora fazer amor enquanto eles fazem guerra
Ver o pôr-do-sol enquanto o mundo acaba de mão dada
Se não sobrar nada eu tenho-te a ti
Ver o pôr-do-sol enquanto o mundo acaba e dizer-te ao ouvido o quanto eu gosto de ti
Política e religiões, marchar contra canhões
Eu almas, corações, amores e paixões
São várias situações, mas no fim
Todas elas acabam contigo agarradinha a mim
Homens de Deus dizem que o mundo está perto do final
E nós os dois a contribuir para o aquecimento global
Sem mapas nem teorias, só taras e fantasias
Estudo geografia no teu body enquanto te arrepias
Eu não preciso de um harém com mil Marias
Tu já me fazes explodir todos dias
Enquanto o Trump tenta acabar com o mundo
Eu estou a ver se passamos o resto da nossa vida juntos
São assuntos delicados, politicamente incorretos
Mas a cena sempre foram os afetos
Por isso mantém-te perto para eu te sentir minha
O herói deles usa capa, o nosso usa camisinha
Eu disse: beija-me como se eu fosse o último homem na Terra
'Bora fazer amor enquanto eles fazem guerra
Eu disse: beija-me como se eu fosse o último homem na Terra
'Bora fazer amor enquanto eles fazem guerra
Ver o pôr-do-sol enquanto o mundo acaba de mão dada
Se não sobrar nada eu tenho-te a ti
Ver o pôr-do-sol enquanto o mundo acaba e dizer-te ao ouvido o quanto eu gosto de ti
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8. |
Pratos Limpos
02:41
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Vamos pôr tudo em pratos limpos
Barbinhas no guimbo, conversas com cinto
Famílias aos gritos, filhos nos cubicos
Fezadas nos gringos, aqui 'tá limpo
Missa de domingo, aqui 'tá limpo
Se o pai 'tá na cana a avó 'tá no Bingo
Mãe a girar com um traficante rico
Na disco africana a dizer "'tá limpo"
Cachicos a tentar chegar ao cimo
Sorte é pão rico para o mata-bicho
Já vi carochos a pitar lixo, a gritar com um sorriso "aqui 'tá limpo"
Tia tem seis filhos, nenhum 'tá limpo
Bongó fez a rusga, já levou cinco
Ambiente pesado, já nem o sinto
Se der confusão, por mim 'tá limpo
Se o bicho pegar, por mim 'tá limpo
Se a bongó passar, por mim 'tá limpo
Se essa bitch estrilhar, por mim 'tá limpo
Eu só vim colocar tudo em pratos limpos, por mim 'tá limpo
Bebida no canto, essa é para o Santo, ninguém toca no prato até ficar limpo
Damas estão na pista a rasgar o salão e os patrões a gritar "ya, ’tá muita lindo"
Postiço está torto, vestido suado, mas estão a dizer "ya, aqui 'tá limpo"
Se der confusão ninguém vai pôr a mão, acredita irmão, são as leis do kimbo
Ya, aqui 'tá limpo, aqui 'tá limpo, aqui 'tá limpo
Ya, aqui 'tá limpo, aqui 'tá limpo, aqui 'tá limpo
Eu só vim colocar tudo em pratos limpos, se a tropa está sob o efeito do fumo
Piranhas estão a atacar o cardume e a dizer sem camisa que "aqui 'tá limpo"
No meio dos corvos é só golpes novos, mambos importados vêm de Marrocos
Nigga deu o toque, hoje é tudo nosso, parto os pratos na cara, Mazal tov
Se o bicho pegar, por mim 'tá limpo
Se a bongó passar, por mim 'tá limpo
Se essa bitch estrilhar, por mim 'tá limpo
Eu só vim colocar tudo em pratos limpos, por mim 'tá limpo
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9. |
Porcelana
03:26
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Todo o pó vira porcelana
Meu mundo é porcelana
Meus brothers, minhas manas, minha city é porcelana
Meu carma, porcelana, minha pele, porcelana
Meu bairro, minha fam, meu ADN é porcelana
Todo o pó vira porcelana, alma lusa costela africana
Eu vim do sul, bafana, bafana, estás a ver a forma insana
Que voo para o topo se não está dope, faço o dobro
Missangas no corpo, vês como eu corro?
Meto o gueto na city vão gritar "socorro isso é lenda de Zorro"
Meus niggas com gorros na cara a gritar "I love o morro"
Orgulho no meu habitat, cota dá-me a bênção contra o mau-olhado
Estão-me a olhar de lado, meu barro não parte
Eu sou obra, eu vim educar-te e vim dar-te um passaporte para a liberdade
Chega de humildade, nós somos porta-estandarte
Da rua até Marte, sanzala não dorme nem come carne
Eles estão a julgar-me, tentarem matar-me com pistolas de alarme
Não vai resultar, tanto pó no ar que eu vim transformar
Tu não estás a par daquilo que eu sou, avisem os brows
Que eu vim acabar o que o Zeca Afonso começou
Todo o pó vira porcelana
Meu mundo é porcelana
Meus brothers, minhas manas, minha city é porcelana
Meu carma, porcelana, minha pele, porcelana
Meu bairro, minha fam, meu ADN é porcelana
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10. |
Último Voo
02:48
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Enquanto eu sonhava em ser uma rock star
Eu vi muitos a jurar "nunca hás-de lá chegar"
Tu não estás a par, põe-te no meu lugar
Meu mundo gira até ficar de pernas para o ar
Não estás a ver para onde é que eu vou?
Meu sol brilha só para mim até ao meu último voo
Eles dizem que não é a minha vez
Mas olha-me nos olhos só para veres o que o homem fez
Eu quero mais do que a música a matar-me a fome
Só parar quando o meu bairro tiver o meu próprio nome
Tu estás-me a ver chavalo? Se um dia for viral
Levo a zona nestes versos, poeta Pardal
Tu vês textura na postura que o homem defende
Não é cobiça, é justiça que um gajo pretende
Todo a história da família tem empregados a mais
Há sempre bocas a mais nem que haja mil funerais
E eu meto o coro aqui, ainda nem dormi
Quatro da matina e a retina vê o que eu nunca vi
Uma abébia para a tragédia mudar de cenário
Do necessário ao extraordinário, bulo sem horário
Já fiz horas extras para tocar às sextas
Se não morrias por um sonho tipo nem te metas
Nas paredes do quarto está escrito "agora ou nunca"
Der por onde der não volto para aquele emprego chunga
Não, não vou, eu não vou
Der por onde der este é o meu último voo
Não vou, eu não vou, não vou
Juro meu pai, este é o meu último voo
Todos querem mais para os seus, eu não sou diferente
Meu carma desobediente nunca voltou para a gente
Mas eu nunca desisti, teimosia é pedigree no sítio onde eu cresci
Se queres seguir em frente, há tanta gente à frente
De quem mata a quem mente, olho por olho, dente por dente
Não é suficiente se quem te ensina as regras mente
"Aqui ninguém aqui ama para sempre" é o que me diz a voz cá dentro
Ofegante na respiração, fragrância só transpiração
Meu pai nunca foi patrão, meu Deus não tem religião
Meus demónios não amassam pão
E eu quase que me enforcava com esse cordão
Mas venci até aqui, eu vim com a mesma fé
Dos médicos que gritavam "faz força Nené"
Dos séticos que juravam "não vais ser ninguém"
Mas não volto para aquele emprego seja a mal ou bem
Não, não vou, eu não vou
Der por onde der este é o meu último voo
Não vou, eu não vou, não vou
Juro meu pai, este é o meu último voo
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11. |
Pinóquio
03:00
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Quando a solidão aperta eu bebo até andar torto
Enquanto me imagino velho e gordo
Sentado num sofá com o estofo roto
Cheio de manchas de Vinho do Porto
Como se por dentro já estivesse meio morto
Nós dissemos tudo um ao outro
Por isso não é saudade, é só desgosto
Nós os dois naquela cama, às vezes éramos tantos
Todos nós temos pecados, nenhum dos dois foi santo
Nosso amor, Pinóquio, eu nunca percebi se era só ódio
Ou falta de amor próprio, calma tento-me manter sóbrio
Um puto problemático, falta de sentido prático
Demasiado nervoso, na tua boca um cabrão maldoso só com um lado sádico
Mete tudo no mesmo saco de plástico eu e os outros
Agora quem é o monstro que vai beijar os teus lábios?
O nosso amor nunca falou a língua dos sábios
Apaixonados por mentiras, a verdade magoa
Eu também quero que desapareças, conheças outra pessoa
E se hoje estiver na merda como estive em Lisboa
Eu só quero que tu saibas que...
Nosso amor morreu
Quando tu, quando eu
Ninguém soube dizer adeus
Nosso amor morreu
Nossos retratos tinham falhas graves
Nossos laços estavam velhos e gastos
Eu via ao espelho um homem sem força nos braços
A contar mentiras para não acabar de rastos
Nosso amor, Pinóquio, viagem sem sentido
Freud de vestido, de cúpido a brincar com o meu libido
Lá no íntimo eu sabia que era um caso perdido
Mas sem coragem para dizer adeus de coração partido
Eu contei mentiras, só palavras giras
Palavras vazias, cheias de especiarias
Sente o tempero que o medo nos trouxe
Essa amargura que está estampada no rosto
Esse medo de não sermos um do outro
Só que a verdade matou-nos o gozo
Agora grita o nome do monstro
Agora grita o nome do monstro
Nosso amor morreu
Quando tu, quando eu
Ninguém soube dizer adeus
Nosso amor morreu
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12. |
1974
02:40
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Severino nasceu na Guiné-Bissau
Mas na Guerra Colonial decidiu morrer por Portugal
Apaixonado por Fado e bacalhau
Desde pequeno que sonhava em conhecer a capital
Vestir como os brancos que ele via no jornal
De sapatos engraxados no Marquês de Pombal
Ser tratado por senhor como o patrão era
Ter um pedaço de terra que desse frutos pela primavera
Alistou-se no exército de Salazar
Na esperança de vir a ser um herói do Ultramar
Foi para jamba para morrer e matar
Mas prometeu não partir sem ver o Eusébio jogar
Quando a guerra acabou, o sangue dos irmãos
Que lhe escorria pelas mãos não deixou outra opção
Arrumar as bicuatas, apanhar o avião
E finalmente conhecer a terra do patrão
Na capital não era visto como igual
Chamavam-lhe macaco sem rabo, lixo colonial
Volta para a tua terra, os pretos cheiram mal
Escumalha africana, fora de Portugal
Mas o seu maior orgulho era o 3.º Pelotão
E um Cartão de Cidadão que foi dado por obrigação
Porque os pretos não cantam o hino, pretos não são nação
Pretos morrem "no guerra", mas não vão para o Panteão
E é com as mãos calejadas das obras
Boca enjoada das sobras
Que contava as façanhas da tropa
Patriota e orgulhoso de ter lutado pela nação
Que o acolheu como um cão, que o tratou como um cão
Que o viu morrer miserável sem água nem pão
Mas o avô nunca reclamou de nada
Morreu agarrado à bandeira e a um disco da Amália
Enquanto me dizia...
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13. |
Pretinho da Benetton
03:31
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E ela curte do meu som, mas não se mistura
Adora o meu gingado, mas não se mistura
Diz que nunca vai ser minha, mas quando chegar a altura
Enfim, eu sei que vai colar em mim
O mundo só tem graça se for cheio de surpresas
'Bora misturar culturas, rappers com tigresas
Bandidos com princesas, a vida é bela
Betinhas de Cascais com neguinhos da favela
Abre o teu coração, deixa o cúpido trabalhar
Quem falou que pirão não combina com caviar
Seja semba lá no bairro ou ballet em Paris
Isso é como o povo diz, "o importante é ser feliz"
Mistura tudo num saco só para ver no que é que dá
Felicidade não tem cor e quanto ao resto eu sei lá
Um beijo é sempre amor em qualquer parte mundo
Por isso eu vivo apaixonado, coração vagabundo
Mas está tudo louco, tanta gente stressada
3.ª Guerra Mundial? Só se for de almofadas
Com uma lei universal que todos devem seguir
Se não há amor nem vale a pena fingir
E ela curte do meu som, mas não se mistura
Adora o meu gingado, mas não se mistura
Diz que nunca vai ser minha, mas quando chegar a altura
Enfim, eu sei que vai colar em mim
Espalhem amor, vá, espalhem o que quiserem
Só não espalhem fofoquice nem falem se não souberem
Vamos colorir o mundo sem dar contas a ninguém
Se a vizinha anda com um preto, vá lá, o que é que tem?
Toca Fado de manhã e à noite toca Kuduro
Isso! Vai ser assim no futuro
Sushi com pizza, hambúrguer com cachupa
Desde que haja amor qualquer coisa resulta
Homem com homem ou mulher com mulher
A vida é vossa, cada um vive como quer
Não deixes que ninguém apague o teu sorriso
É por isso que todos dias eu faço o que for preciso
É esse o compromisso que eu tenho com a vida
Espalhar amor e a minha missão está cumprida
Regido por uma lei que todos devem seguir
Se não for amor nem vale a pena fingir
E ela curte do meu som, mas não se mistura
Adora o meu gingado, mas não se mistura
Diz que nunca vai ser minha, mas quando chegar a altura
Enfim, eu sei que vai colar em mim
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14. |
24h00
03:50
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Muita cara estranha, ambiente pesado
Mil e uma tribos a olharem de lado
Mambo complicado, ché! Fica calmo
Controla os cambuás, mantém-te focado
Muito bate-papo cria tensão
Bitch fala alto e chama à atenção
E os bocas de trapo já estão preparados para gritar bem algo "olha a confusão"
O boy chateado quer explicação
Uns copos a mais, não teve a visão
Que a dama é um bagaço, quer sair no braço para vingar a honra, mas sem noção
Que há muito maluco na situação
Bang bang e um corpo no chão
Ninguém viu nada, ninguém fala nada, mas estavam todos de tele na mão
Direto para o Face, vídeo para o Snap, mas ninguém acode
Só gritam socorro se a foto no Insta bater o recorde
Um milhão de views, ya! Bué likes no feed, ya!
Se o nigga morrer vão ser virais tipo gripe, ya!
E a dama do nada bazou relaxada, diz que foi minada, não quer saber
Que o boy é babaca, não tem pedalada, tinha que levar que era para aprender
Heróis morrem cedo e ela quer viver, selfie com a amiga para o mundo crer
Com pés de veludo vêm comer tudo, são tipo vampiras não estás a ver?
Elas comem tudo
Elas comem tudo e não deixam nada
E não deixam nada
Mano encostado ao balcão
Niggas a fazer pressão
Dama não tira o olhar
Já discutiu com o patrão
Nunca falou, mas trocou uns likes
Diz que não quer confusão nem fights
Mas depois de uns quantos pakistans
Diz que o coro dele vira cinco mics
Enche o peito para fazer figura
DJ suculenta só na mistura
Mão na cintura para dar quentura
Se der problema, a crew segura
O rei da cocada, bebida minada e a safada só lhe faz promessas
Diz que quer um homem a sério, está farta de putos não quer mais conversas
Garrafas no ar, ele fica-se a achar, hoje vai faturar, siga
Não estão a aguentar e o people da zona só fica a gritar "my nigga"
Está com o rei na barriga, mais olhos que barriga
No meio dos flashes, um monte braços, alguém gritou, deu briga
O boy chateado quis explicação
Uns copos a mais, não teve a visão
Que a dama é um bagaço, quis sair no braço para vingar a honra, mas sem noção
Que há muito maluco na situação
Bang bang e um corpo no chão
Ninguém viu nada, ninguém fala nada, mas estavam todos de tele na mão
Elas comem tudo
Elas comem tudo e não deixam nada
E não deixam nada
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15. |
Trash Gaveto
02:35
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Eu vim para partir tudo, avisem os putos trancados nos quartos
Quero ver tudo aos saltos como se estivessem a ficar malucos
Nem Gucci nem Prada, só Dr Martins para correr com tudo à biqueirada
Trash Gaveto, you know what I mean
Meus niggas a girar de ferros como se bulissem num gym
Se a gente se cruza, dá corda aos sapatos
Se não há mais gritos na zona do que na sala de partos
Estás a ver com quem me dou, não venhas falar de flow
Aqui não há tropas de elite, só eu e um Gijoe
81 25 brow, cidade de onde eu sou
Desses subúrbios onde Deus nunca passou
Se eu estou vivo, Hip-Hop nunca morreu
Minha vida é Rimas e Batidas, Rui Miguel Abreu
Não é violência, é verdade pura
Um gajo agora assina autógrafos com as canetas da censura
Yeah! A cena é Rock'n'Rolla
Meus putos a saltar como se tivessem molas
Cambada a fazer moche até se verem as solas
Mãos no ar até se verem uns dólares
Ninguém abranda o passo até ver o inchaço
Na carteira como se tivesse a usar um enchumaço
Se for para partir braço um gajo até te parte o baço
Mas ninguém fala nada, não há provas sobre o caso
Crew fodida man, sente a batida damn
Um monstro em cada quadra, Space Jam
O Homem do Leme, eu nunca perco o norte
Agora há estrelas no céu e são do Rock
Eu pus a área no mapa sempre que subi ao ringue
Se queres falar de humildade, buli na Burguer King
Eu vim do nada, vês? Direto para o Hall of Fame
Nunca fui bom com latas, mas sente o pen game
Yeah! Eu estou de volta ao jogo
Chamem-me José Figueiras, eu estou Muita Lôco
Trash Gaveto, you know what I mean
Com mais moral nessas ruas do que o Chico Fininho
Yeah! A cena é Rock'n'Rolla
Meus putos a saltar como se tivessem molas
Cambada a fazer moche até se verem as solas
Mãos no ar até se verem uns dólares
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16. |
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Ambicionava ser perfeito, mas tive uns dias maus
E da forma como eu vivo, acho que me apaixonei pelo caos
Vê-me a sofrer por dentro, é o meu temperamento
Meti na música o que eu nunca pus num relacionamento
Batimento cardíaco lento, arrependimento
Preguiça nunca deixou dar os 100%
Palavras voam com o vento, talento nunca deu para nada
Nem para bola nem para escola, música estou a ficar sem tempo
E a perfeição não chega
Acupuntura já não cura a enxaqueca
Repentina neblina que me ocupa a visão
É o desgaste da rotina em busca da perfeição
Homem na minha condição já não reza
Dama quer filhos, casa, mas um gajo está sem pressa, conversa é essa
Dá-me tempo e espaço, um isqueiro e um maço
Um beijo e um abraço que eu estou nessa
Não há medo, não há chão
Não há tempo nem senão
Não há espaço para perdão
Nessa perfeição
E todos temos dores de amores ao cotovelo
Enquanto a fada troca dentes podres por pesadelos
Mau fio de cabelo, um tom de pele que azeda
Por mais que chore eu nunca aprendi a lidar com a perda
À esquerda o sonho esfuma-se, coração paralisa
Depois um gajo acostuma-se e o medo viraliza
Eu vejo ruas entupidas de corpos sem vida
A perfeição é uma ilusão tão fodida
Sem paciência mesmo que dê errado
Nunca peças conselhos a quem nunca quis ser mais que um empregado
Quero ser dono da minha vida, do meu legado
Porque há coisas que não passam por mais que sejam passado
Quando a perfeição não chega há sempre um culpado
E eu prefiro estar calado, silêncio é confidente
Já tentei meditação, mas durmo sempre
Desculpa a imperfeição, também sou gente
Nunca vai ser perfeito por mais que um gajo tente
Por isso entende
Não há medo, não há chão
Não há tempo nem senão
Não há espaço para perdão
Nessa perfeição
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